Em 2013, fui passar o feriado de Páscoa na Etiópia. Fui muito bem acompanhada: com a minha amiga Carol, que, na época, morava em Botswana. A Carol é uma das melhores companhias de viagem do mundo! Então, só de ir com ela eu já sabia que a viagem seria incrível.
Eu só não esperava que a Etiópia seria uma das melhores (quiçá a melhor) viagens da minha vida! O país inteiro é maravilhoso e o mais interessante é, de fato, viajar pelo interior.

Nesse post, vou dar ideias gerais de como é viajar para o país, o que levar, o que não levar etc.
1. Visto
Uma das histórias mais engraçadas da nossa viagem já aconteceu quando entramos no avião em Nairóbi, rumo a Adis Abeba. Carol era vice-consul em Gaborone e eu em Nairóbi. Mas nenhuma das duas resolveu dar o exemplo e procurar saber se precisaríamos de visto para entrar na Etiópia. Já fomos pensando nas manchetes de jornais sobre funcionárias do Itamaraty sendo deportadas da Etiópia!
Chegando ao aeroporto, vimos a fila de emissão de visto cheia e as cabines da imigração vazias. Resolvemos tentar a sorte na imigração. Caso perguntassem do visto, iríamos para o guichê de emissão do documento.
Quando a funcionária da imigração me perguntou do visto, eu disse: “esse é um passaporte diplomático brasileiro!”. Ela olhou a capa assustada, pediu desculpas e carimbou o passaporte.
Resultado: precisamos de visto para entrar na Etiópia? NÃO SEI!
Ok, depois disso, fui pesquisar para contar para vocês! Passaportes diplomáticos e de serviço, de fato, não precisam de visto para visitar a Etiópia. Já os passaportes comuns precisam.
É possível ter o visto emitido no aeroporto de Adis (apenas o de Adis!), mas, por via das dúvidas, é bom já viajar com o visto pronto. A Embaixada da Etiópia no Brasil tem um excelente site, no qual encontramos todas as informação necessárias sobre como conseguir o visto de turista: http://ethiopianembassy.org.br/paginas/visa_requirements.
Basicamente, é preciso preencher um formulário em duas vias e levá-lo preenchido juntamente com os seguintes documentos:
– 2 fotos 3×4 recentes;
– passaporte com validade de, pelo menos, 6 meses;
– carta da empresa de turismo ou reserva de hotéis pelo período da viagem;
– passagens de ida e volta.
A solicitação de visto pode ser feita pessoalmente ou pelo correio.
2. Vacinas
O governo etíope exige documentação que comprove vacinação contra febre amarela dos turistas provenientes do Brasil. É importante lembrar que o documento aceito nos aeroportos é apenas a carteira internacional de vacinação. Para retirar a carteira, é preciso, primeiro, tomar a vacina e registrar na carteira nacional e, depois, ir a um posto da Anvisa e retirar a internacional (há postos da Anvisa nos aeroportos internacionais).
Além de vacina contra febre amarela, é interessante ir a um posto de saúde e pedir para verificar a lista da vacinas indicadas para o seu destino. É possível ter acesso à lista e às vacinas em qualquer posto de saúde do SUS. Normalmente, será indicado vacina contra hepatites A e B, febre tifoide e a já citada febre amarela.
3. Malária
A maior parte da Etiópia é livre de malária, já que as altitudes são grandes e não há mosquito. Mas, claro, no interior pode haver risco e pode também não haver assistência hospitalar necessária.
Alguns médicos receitam medicamentos a serem tomados para evitar a malária. Esses medicamentos, além de não haver provas que realmente evitam a doença, podem trazer efeitos adversos fortíssimos.
A indicação, portanto, para prevenção, é caprichar no uso de repelentes. Evitar a picada do mosquito é a melhor forma de profilaxia.
Ao menor sintoma, é necessário procurar ajuda médica. Na África, todo hospital faz exame de malária e o resultado sai praticamente na hora. O exame para malária é simples, apenas de sangue. Com o resultado positivo, o médico receita um coquetel a ser ingerido em dose única e isso já é suficiente para curar a doença.
É bom lembrar, sempre, que o melhor lugar a se tratar a malária é onde ela é mais comum. Em caso de suspeita de malária, procure hospitais na África e trate-se na África.
No caso de viajantes que irão a lugares com menos hospitais, sugiro que, ao chegar em Adis Abeba, tentem comprar um kit com exame caseiro para malária (é de furar o dedo e você mesmo faz) e o coquetel de tratamento.
4. Roupas
Visitar a Etiópia é começar a deixar a lenda de que a África é absurdamente quente para trás. As altitudes no país são enormes: Adis Abeba está a quase 2 mil metros acima do nível do mar. E faz frio, muito frio.
Claro que é preciso levar roupas mais leves, blusas sem manga, shorts, bermudas, vestidos. Mas não se esqueça de colocar casacos, jaquetas e meias na mala. Principalmente à noite é bem frio e eu não quero que você congele durante a viagem.

5. Língua
A Etiópia foi o único país da África que não foi colonizado. Por isso, a cultura, os costumes e a língua são muito originais. O país não tem uma língua oficial, sendo o amárico uma língua de trabalho.
No entanto, os turistas podem ficar tranquilos, porque dá para se comunicar bem em inglês na maior parte dos lugares.
6. Preços
A Etiópia é um país extremamente barato. Carol e eu contratamos uma empresa de turismo que fez tudo para nós: reservou hotéis em todas as cidades, comprou as passagens aéreas domésticas, nos forneceu transporte e guia pelos 4 dias, tudo por 600 dólares por pessoa. Sim, o pacote completo por apenas isso!
Em Adis, no primeiro dia, sacamos, cada uma, cerca de 150 dólares para alimentação e compras. E, ao final dos 4 dias, saímos comprando tudo que podíamos para tentar gastar o dinheiro… E quase não conseguimos!
7. Turismo
A minha sugestão para que se possa aproveitar melhor a Etiópia é contratar uma empresa de turismo. Como eu disse, foi isso que fizemos e foi perfeito. A empresa que nos acompanhou foi a BEST Travels and Tours (http://www.ethiobesttours.com), que recomendo de olhos fechados.
Basta contatar a empresa via e-mail e dizer quantos dias pretende ficar na Etiópia e quais cidades e locais que visitar. A empresa se encarrega do resto.
Nós compramos apenas as passagens para chegar e ir embora do país. O resto a empresa de turismo fez: comprou nossas passagens, reservou hotéis incríveis nas cidades, nos buscou e levou aos aeroportos, comprou ingressos para todas as atrações, forneceu guia e carro todos os dias, em todas as cidades. Resumindo: fomos extremamente bem recebidas e tratadas no país.
Em 4 dias, conhecemos Adis Abeba, Lalibela e Gondar. Vou contar mais sobre cada uma em posts separados. Enquanto isso: podem ir fazendo as malas e pedindo o visto!