
Estou bem no meio de um processo de remoção. Muita gente tem me perguntado como funciona o processo, quais as etapas e como eu me organizo quando vou de país para país. Hoje vou explicar como funciona o processo de remoção no ministério, as etapas e como a gente tenta sobreviver a cada um delas.
O processo para realocação de pessoal no MRE é chamado de “mecanismo de remoções”, ou “plano de remoção”. Normalmente, o ministério abre dois mecanismos por ano, um para cada semestre.
A primeira etapa do plano é a sua abertura. Ela é feita por portaria publicada no boletim de serviço, restrito à intranet do ministério. A portaria declara aberto o mecanismo e lista suas regras e condições. Podem se inscrever no plano os servidores que já tiverem completado, pelo menos, 2 anos no posto em que estão ou na Secretaria de Estado.
As inscrições ficam abertas por alguns dias. Ao final do período de inscrições, é publicada a lista dos servidores que tiveram suas inscrições aceitas e efetivadas. A partir daí, verificamos vagas livres nos postos e recebemos, muitas vezes, convites de postos que precisam de gente.
Dias depois de finalizadas as inscrições, recebemos, por e-mail, uma lista de oferta de postos. Devemos responder ao e-mail colocando os postos em ordem de interesse e, se quiser, adicionar mais dois destinos que não constem na lista original.
Mais alguns dias de espera, agonia, ansiedade e duas úlceras e temos o resultado do plano. O resultado em si não configura a remoção oficial, é a penas um resultado para que as pessoas saibam seus destinos e decidam se aceitam o posto, desistem e voltam para Brasília ou abandonam o plano.
A oficialização da remoção se dá pela portaria de remoção, publicada no Diário Oficial da União (DOU). A minha foi publicada na sexta-feira, 26/10. Estou indo para Los Angeles, trabalhar no nosso Consulado-Geral e começar uma nova fase cheia de novas aventuras e descobertas.

A partir da data de publicação da portaria de remoção, temos 60 dias para partir. E nesses 60 dias temos que fazer orçamentos de empresas de mudança, contratos de mudança, vender coisas, comprar coisas, fechar contas em banco, cancelar contratos… Enfim, finalizar toda uma vida de, pelo menos, 2 anos na cidade.
Não é fácil tomar a decisão de partir mais uma vez. Além do exercício de desapego pelo lugar onde construímos nossos últimos anos, a ansiedade de não saber o destino certo. São semanas de agonia, e não há o que ser feito. Todo mundo passa por isso. A boa notícia é que não estamos sozinhos no processo, e temos amigos para nos apoiar e dividir a ansiedade.
O período de transição, desde a inscrição no plano até a partida, é muito conturbado. Uma mistura de emoções toma conta de nós: animação pela mudança, ansiedade por não se saber, por semanas, seu destino, felicidade em ver tudo dar certo e exaustão pela correria em fechar tudo e partir. São algumas noites de sono ruim, ou sem sono nenhum.
Vou tentar, na medida que a loucura da mudança permitir, contar para vocês aqui os passos da mudança, os sentimentos de partida e chegada e o que mais vocês quiserem saber sobre esses meses conturbados, porém cheios de ânimo pelo recomeço.
Oi, Renata!!!
Gostaria de saber quais são os critérios que o MRE usa para seleção.
Por exemplo, com certeza um posto A tem mais procura que um posto C ou D por exemplo. Se mais de uma pessoa se inscrever para remoção para um posto que tem apenas 1 vaga, como fica?
Ezequias.
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Oi, Ezequias!
A procura por postos depende muito do perfil de cada servidor. Apesar de os postos A serem muito procurados, tem quem prefira postos C e D pelos melhores salários, por exemplo.
Para que não fiquem todos pulando de A para A, a lei do serviço exterior tem regras claras de ordem de postos. Por exemplo: quem sai de A não pode ir para outro A. Quem sai de B, pode ir para A ou B (C ou D se pedir).
Quem sai de D tem direito de ir para A. E por aí vai. Então, existindo impedimentos, as procuras de postos ficam mais homogêneas.
No caso de ter muitos candidatos para uma mesma vaga, conta bastante o currículo da pessoa, por exemplo. Temos, na intranet do MRE, currículos da nossa vida no ministério e os chefes dos postos podem verificar os currículos e escolher, entre os candidatos, o que mais se ajusta às necessidades do posto.
Abraços!
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Amei o post, bem esclarecedor! Sucesso em Los Angeles… ❤ Maravilhosa!
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Obrigada, querido!
É um prazer poder dividir com vocês as coisas dessa vida de MRE!
❤
Beijos!
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Que legal, Renata! Ansiosa por ver todos seus posts e stories de LA! Mas fiquei curiosa, todo mundo tem que mudar de posto a cada dois anos, ou você poderia ter ficado mais em Moscou,se quisesse? Ou há um limite de tempo?
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Obrigada, querida! Ah, acho que vai ser super legal postar de LA! Estou ansiosa!
Eu poderia ficar mais, mas há limite de tempo. Temos limite de tempo tanto em cada posto quanto de exterior no total.
Em cada posto, somos obrigados a ficar, pelo menos, 2 anos. O máximo é 5 anos de posto. Quando completamos 5 anos, somos automaticamente inscritos no plano de remoção seguinte.
Eu que decidi entrar nesse plano, mais por causa do meu tempo total de exterior. Já tenho 6 anos direto, e posso ficar de 10 a 12 anos. Então, para aproveitar melhor o próximo posto, eu precisava sair logo!
Beijos!
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