Quem sou eu?

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Monastério de Tatev – Armênia (2017)

Meu nome é Renata, nasci em Goiânia, mas fui criada em Uberaba-MG. Canceriana com ascendente em escorpião (chorona e brava!), candomblecista, pianista, apaixonada por música, livros e cinema. Leio compulsivamente e tenho uma paixão de adolescência: Guns n’ Roses (essa paixão já me rendeu muita história boa!). Apaixonada, também, por tatuagens, tenho 11, todas cheias de significado para mim.

A minha história é bem maluca. Vou resumir…

Venho de uma família muito simples, que lutou muito para conseguir, aos poucos, melhorar de vida. Meu avô era sapateiro e lutou uma vida inteira para criar os filhos. Minha mãe, engenheira, já trabalhou em tudo que podia para me criar sozinha. A prioridade sempre foi meus estudos: sempre estudei em colégio particular e, depois, universidade também particular. Mas isso fazia com que eu não tivesse outros “caprichos”. Roupas de marca, tênis caros, viagens de férias, essas coisas nunca fizeram parte dos primeiros 22 anos da minha vida.

Aos 14 anos, eu já começava a dar aulas de reforço para meus coleguinhas no colégio. Aos 16, comecei a dar aula de inglês no curso de línguas onde eu ainda estudava. Não tinha nem terminado o colégio ainda e já conseguia, pelo menos, sustentar meu cinema e lanche de todo sábado.

O gosto por ensinar e a paixão pela literatura me fizeram escolher o curso de letras (licenciatura). Fui muito feliz nos meus 4 anos de universidade. Se tivesse que escolher de novo, faria letras sem pensar duas vezes. Aos 21 anos, depois de toda a luta da minha mãe, estava me formando na universidade (UNIUBE, a mesma onde minha mãe estudou engenharia, décadas antes).

A essa altura, ainda lecionava no curso de inglês e já estava há 2 anos lecionando piano no maior colégio de Uberaba. Ah! Esqueci desse detalhe: tenho diploma técnico em piano e teclado, que me torna licenciada para lecionar música também!

Ao me formar, achava que tinha que buscar novos horizontes. Uberaba ficou muito pequena e decidi ir para Brasília tentar um mestrado. Entrei no mestrado em literatura na UnB e, cedendo às pressões da minha mãe, decidi tentar algum concurso público (afinal de contas, estava em Brasília!).

Eu estava em Brasília há 2 meses quando fui procurar o que estava rolando de concursos públicos e vi que haveria um para  o Ministério de Relações Exteriores. Era o último dia de inscrições. Fiz a inscrição na última hora, paguei 40 reais (na verdade, mamãe pagou, para dar aquela força). Tinha um mês até as provas e não me preocupei muito em estudar, afinal de contas, era só o primeiro, para testar e ver como era essa coisa de concursos.

Fui tão despreocupada que passei. Sem querer mesmo. Não digo isso para me gabar de nada. O fato é que acredito que o que está no nosso caminho acaba por nos encontrar. O MRE estava no meu caminho, não tem outra explicação.

Aos 22 anos, em 2009, tomei posse como assistente de chancelaria no Itamaraty, sem saber muito bem o que me esperava. Aos 23, com 6 meses de ministério, fui enviada na minha primeira missão: abrir uma embaixada em uma ilha do Caribe (Antigua e Barbuda). Eu nunca tinha entrado em um avião na vida. Mas “medo” não faz parte do meu vocabulário e lá fui eu.

Daí em diante, nunca mais parei. Abri 3 embaixadas, servi em outras 3 até agora: Ierevan (Armenia), Nairóbi (Quênia) e Moscou (Rússia) e, agora, estou me preparando para me mudar para Los Angeles, onde vou trabalhar no consulado geral.

Moro pelo mundo com minha querida mãe, dona Wilma – uma senhorinha de 74 anos cheia de saúde e energia – e com minha cachorrinha, a Irina, um lulu da pomerânia de quase 3 anos de idade.

Nesses quase 10 anos, desde a primeira vez em um avião, conheci 35 países. Colecionei histórias divertidas e conheci pessoas maravilhosas. De vez em quando ainda paro e olho para aquela menina de Uberaba que aprendeu desde cedo a trabalhar e teve uma vida tão simples e penso que ela nunca imaginaria que estaria onde está hoje. Ela não imaginava nem que um dia teria dinheiro para viajar de avião, quanto mais viajar um mundo inteiro.

Tenho muito orgulho da minha origem simples, da luta dos meus avós e da minha mãe (que me criou sozinha) e da minha própria luta para chegar onde cheguei. Nunca me esqueço de tudo que já passamos e isso só me faz ser muito agradecida por cada experiência que tenho na vida.

Esse post foi só um resumo de quem eu sou e como cheguei aqui. Os detalhes serão parte desse blog e contarei tudo que for interessante para vocês. Sejam bem-vindos ao meu mundo! Que minhas histórias possam trazer risadas e que minhas dicas possam ajudar vocês a descobrir mais esse mundo tão grande e tão lindo!

17 comentários em “Quem sou eu?

  1. Oi, Renata! Primeiramente obrigada pelo seu relato e parabéns pela coragem de se jogar nesse mundo tão novinha…
    Estudo para a diplomacia e gostaria de tirar uma dúvida com vc.
    Um dos motivos que me fez adiar por anos o sonho de prestar o concurso foi, além da pressão social por ser mulher e aquela história de que não teria vida social e não conseguiria conciliar uma eventual família com a carreira, uma pressão também familiar. Minha mãe é muito apegada a mim e a ideia da diplomacia sempre a assustou demais por conta das viagens e da distância, sendo assim gostaria de saber como funciona isso de levar os pais com vc, como vc mencionou em relação à sua mãe, quais seriam os requisitos para que ela fosse considerada oficialmente minha dependente e pudesse ir comigo? isso porque além dela ainda tem meu padrasto…

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    1. Oi, Erika!
      Muito obrigada! Pois é, hoje, quando olho pra trás, me vejo quase uma crianáa no MRE! hahaha…
      Ah, a sociedade fazendo nós, mulheres, termos tantas dúvidas e planos adiados, né?
      Mas te digo, da posição de mulher solteira no Itamaraty há quase 10 anos: nós podemos tudo que quisermos. A vida social continua, os amores aparecem, os amigos se multiplicam, as pessoas que realmente se importam ficam (ou te seguem). Não se preocupe!
      Quanto aos pais, minha mãe é minha dependente legal, registrada do MRE, nos meus assentamentos individuais. Para isso, eu preciso provar que ela é minha dependente financeira. Foi preciso levar vários documentos para provar isso. Eu me lembro de ter levado comprovante de isenção de IRPF, atestado negativo de que ela tinha rendimentos como aluguel, imóveis no nome dela e tal. E também negativo de recebimento de pensão. Na época, ela ainda não era aposentada. Hoje em dia ela é aposentada com 1 salário só. Se não me engano, o máximo é de 2 salários para a pessoa poder ser sua dependente financeira. Vou checar os documentos novamente e volto aqui para explicar exatamente.
      Mas assim… Minha mãe ser minha dependente é ótimo, porque ela tem passagens pagas, passaporte diplomático… Tudo que eu tenho do MRE ela também tem. Mas nada impede que você leve seus pais com vocês mesmo eles não sendo seus dependentes financeiros oficialmente! Claro que isso depende de organização financeira, mas é factível.
      Vou pesquisar os documentos e volto aqui com informações mais objetivas!
      Bjos!

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    2. Oi,Renata!

      Me identifiquei muito com a sua trajetória. Tenho 23 anos, carioca da gema, e estou terminando o curso de direito agora. Passei a me dedicar aos estudos para o cargo de OFCHAN, pois é meu grande sonho profissional e estou contando encarecidamente com a abertura de um novo edital.

      Acompanharei seu blog sempre, continue escrevendo! Até breve, futura colega!

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      1. Oi, Pedro! Muito prazer! E desculpa a demora em responder… Ando tão lerda com esse blog! Que demais! O direito já é um grande começo para o concurso, já que costuma cair, pelo menos, direito administrativo! Então já é um problema a menos! Hahahaha… Assim com a parte de línguas foi um problema a menos pra mim. E você está na idade! Eu entrei com 22 no MRE (acho que contei isso, né… haha). Muito obrigada pelo carinho e vem comigo que eu te conto tudo, futuro colega! =D

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    1. Oi, Erika!
      Voltei!
      Desculpe não ter respondido antes, férias + mudança acabaram tirando meu tempo no último mês.
      Verifiquei o que é necessário para cadastrar pai ou mãe como dependente financeiro:
      – identidade e CPF do dependente;
      – certidão do INSS;
      – comprovante de residência do servidor e do dependente;
      – cópia da última declaração de rendimentos (IRPF) do servidor em que conste o genitor dependente;
      – certidão comprobatória do estado civil do dependente;
      – declaração de próprio punho do servidor atestando que o genitor vive sob sua dependência exclusiva e reside com ele ou em imóvel por aquele mantido (neste caso, anexar contrato de locação);
      – deve constar ainda na mesma declaração o valor do rendimento mensal, quando houver, recebido pelo dependente (como eu disse, tem um limite).
      Eles podem pedir outros documentos, mas me lembro que esses foram suficientes para incluir minha mãe nos meus assentamentos.
      Se tiver mais alguma dúvida, estou às ordens (às vezes atraso na resposta, mas não falho hahaha)
      Bjos!

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